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A criança é um ser em permanente atividade física, respeitadas sua idade e suas condições. Quando o ritmo das atividades se altera para menos, a criança se recolhe, se aquieta, é possível que alguma coisa não esteja bem; a febre em geral está presente e esta é sem dúvida a causa mais freqüente de visita aos consultórios médicos.

A temperatura corporal é fruto da produção de energia pelo organismo, de modo a mantê-la entre 35,5 e 37,0 graus centígrados, variável na dependência de fatores individuais e ambientais, e também do método utilizado para a sua obtenção.

O processo mais comum entre nós, é por meio de um termômetro aplicado na região axilar, por cerca de 2 a 3 minutos, embora existam outras vias como a oral, auricular e retal, cujos valores são 0,5 a 1,0 grau maiores que os obtidos pela via axilar.

Temperaturas abaixo de 35,5 graus são chamadas de Hipotermia e as acima de 37,0 graus de Hipertermia. Em crianças saudáveis, alterações nestes valores podem se dar, simplesmente pela falta ou por excesso de agasalhos, respectivamente. Excluídas estas possibilidades, a presença de temperaturas muito baixas, ou de temperaturas elevadas, servem de elementos para conduzir uma investigação clínica.

Temperaturas até 37,5 graus, são consideradas sub-febris e a criança que as apresentar já merece uma observação mais cuidadosa. São consideradas febres as temperaturas acima de 37,5 graus, podendo chegar até mais de 40 graus. Nestas condições a criança já manifesta algum desconforto, mal-estar geral, dores mal definidas, às vezes cefaléia, e passa a merecer cuidados mais específicos. Algumas vezes, a febre é o primeiro sinal a se manifestar numa criança que até há pouco estava bem, brincando, alimentando-se normalmente; outras vezes surge na vigência de alguns sintomas instalados há 3 ou 4 dias.

É sempre muito importante avaliar atentamente a criança, para captar possíveis alterações em seu comportamento, em especial a sua boa conexão com o ambiente. O uso de um antitérmico comum é permitido, mas o uso de antiinflamatórios e antibióticos deve ficar sempre a critério médico, pois podem interferir com o curso natural do processo em evolução.

A febre, na grande maioria dos casos, está ligada a doenças infecciosas, de variada natureza, mas não obrigatoriamente, e também a processos inflamatórios e não inflamatórios mais graves. Somente o exame médico minucioso pode esclarecer a verdadeira causa da febre e ministrar o tratamento específico.

Um evento relativamente comum nas crianças até 5 anos de idade, é a Convulsão Febril, ou seja, na presença de febre, às vezes, não necessariamente alta, a criança apresenta um desfalecimento, os olhos parados, respiração difícil, arroxeamento dos lábios, movimentos incoordenados das pernas e dos braços, com duração de alguns minutos, e a seguir, sonolência mais tranqüila. Recomenda-se a procura por um atendimento de emergência, mas a evolução, em geral, é benigna, com prognóstico favorável. A orientação médica para a prevenção de episódios futuros é fundamenteal.

Um hábito cultural faz com que muitos pais queiram repetir tratamentos anteriores em situações novas, febris, parecidas com a que motivou aquele tratamento, mas não é uma atitude saudável. Os sinais e sintomas de muitas doenças são parecidos, mas não iguais, e pode-se pensar estar tratando de uma infecção já conhecida e mais comum, e estar em curso uma doença mais grave.

A febre é um alerta importante que não pode e não deve ser desprezado.

Dr. Alberto Dabori